quarta-feira, 1 de julho de 2009

O tamanho do perdão


Hoje as relações são vividas de forma bastante diferente e as responsabilidades do casamento assumidas de outra forma. O divórcio deixou de ser uma vergonha e passamos a ter mais liberdade e mais direitos. De facto, apesar de muitos dizerem que já não era sem tempo, a verdade é que tudo isto se passou a uma velocidade vertiginosa, sem haver sequer tempo de respirar e pensar seriamente nas consequências disso e sem ponderarmos os prós e os contra. Eu acho que a evolução foi positiva. O facto de uma mulher, no passado, que sofria violência doméstica não se poder divorciar porque seria rejeitada pela sociedade é algo absurdo. Contudo, tudo tem desvantagens, e o facto é que este facilitismo leva a que muitos casais nem tentem repensar na relação e partem logo para o divórcio sem sequer se darem ao trabalho de tentar.
O que me levou a escrever sobre este tema foi a história de duas mulheres que me são bastantes próximas. Duas histórias antigas vividas à moda antiga. Estas duas mulheres souberam da traição do marido. Choraram, sofreram, desesperaram e, por fim, perdoaram. Perdoaram e seguiram em frente. Actualmente, continuam casadas e possuem famílias bastante felizes e unidas. A verdade, é que apesar destas histórias terem acabado bem as coisas nem sempre terminam assim. Provavelmente, no lugar destas mulheres eu acabaria com tudo e não aceitaria uma situação destas. Quem estará mais correcto? Porque apesar de tudo quando nos casamos assumimos um compromisso e prometemos amar, respeitar e apoiar apesar de todas as tempestades e vendavais. Prometemos perdoar! O problema é: até que ponto devemos perdoar? Este perdão tem limites ou é incondicional? Quando sabemos se o devemos ou não fazer? Devemos engolir a humilhação em nome de um futuro melhor, em nome da família?

10 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

Aí está algo que eu não conseguiria perdoar, uma traição. Um vaso depois de partido, mesmo que colados todos os pedacinhos, já não tem a mesma estrutura, e com outro abalo poderá novamente desabar. Eu seguiria em frente, e sozinho.

Beijoca!

Pintora disse...

Grandes questoes, sem duvida!

Eu nao faço ideia se seria capaz de perdoar... Neste assunto não consigo ser radical.. por mt que pareça quando falo.

Eu não consigo imaginar uma familia feliz depois de uma mulher saber que foi traida. Se eu perdoasse, nao seria um perdao verdadeiro pq duvido muito seriamente se voltaria a confiar. acho que nao! e entao, o perdao nao seria completo e pleno pois nao?

Acho tambem que muitas das mulheres que "perdoam" as traiçoes dos maridos, nao o fazem pq realmente perdoam. fazem-no por causa do complexo de inferioridade que a mulher ainda sente. por muito que as coisas tem evoluido no sentido positivo para a mulher, isto ainda existe. a mulher submete-se ao homem e ao casamento e, apesar de sofrer, acha que isso e o mais correcto a fazer-se.

eu sei que isto nao e sempre assim, e neste assunto, como ja disse, nao sou radical...

Cacau disse...

Rafeiro Perfumado: concordo com o que dizes e provavelmente seria o que eu faria. Porém não sei até que ponto é que isso é a atitude mais correcta.

Silvana: acho que quando toca a esse assunto nunca podemos tentar generalizar ou dizer que provavelmente vai ser assim... cada caso é um caso. e concordo contigo quando dizes que muitas mulheres o aceitam por um complexo de inferioridade. Mas acrdito que nem todas.

Dexter disse...

Tema bastante interessante, sem dúvida! Vou-me alongar aqui um bocado, desde já peço desculpa.

Acho que isso de perdoar ou não, depende de caso para caso. Depende do grau de traição (se é que há um grau para traição), e da disponibilidade da mulher (ou do marido, caso ele seja o traído) para perdoar. Depende do amor que essa pessoa sente pela outra. Depende se n quiser pôr em causa a família, sacrificando assim a sua felicidade individual. Existe uma miríade de razões que podem levar ao perdão, ou não. No meu caso, acho que não toleraria uma traição, tanto mais que eu nunca traí nem o penso fazer (apesar de saber que nunca se deve dizer nunca) e acho isso uma cobardia, especialmente qdo se ama alguém e só se trai por fraqueza de espírito.

Do ponto de vista estritamente jurídico, temos que ter em conta que o casamento é um contrato. Pura e simplesmente um contrato. Desta forma, tal como num contrato normal, digamos assim, se houver um incumprimento no contrato matrimonial, o contrato deve cessar. Tendo em conta que no matrimónio existem uma série de deveres (dever de fidelidade, de coabitação, de respeito, de assistência, etc.), caso um destes deveres seja violado, o contrato pode ser "rescindido".

Desculpa lá o paleio de advogado, mas achei o tema mesmo mto interessante.

**

Cacau disse...

Dexter tu, e qualquer outro está à vontade para se alongar o que quiser.

Eu acho que realmente há uma série de coisas a ter e conta numa situação destas. E acho que se pode dizer que há graus de traição e coisas mais perdoáveis que outras. O problema é que o casamento (pelo menos na minha opinião) não é um simples contrato. É uma vida partilha... é o deixar de ser eu e tu para passar a ser nós... e esse nós acarreta uma série de responsabilidades. Por isso é que, apesar de achar que não era capaz de fazer o mesmo, admiro muito estas mulheres (pela sua coragem ou estupidez). Admiro mesmo, porque pôr a familia assim à frente dessa forma não é para qualquer um.

Dexter disse...

Eu quando disse que era um contrato, era meramente do ponto de vista jurídico. Claro que n penso assim, partilho da tua opinião de que é a uma vida a dois...

E sim, por uma ldo admiro essas mulheres, mas por outro n posso deixar de sentir compaixão pq podiam estar a ser felizes e n estão. Ou se calhar estão, pq verem os filhos bem chega perfeitamente. São coisas complicadas estas...

Cacau disse...

Mas a questão é que elas não são apenas felizes por verem os filhos concretizados. Elas são felizes pela opção que fizeram e são felizes por estarem ao lados dos maridos. Estas mulheres vivem o casamento de uma forma muito diferente da que se vê hoje em dia, de uma forma antiquada e retrógada (como nós lhe costumamos chamar). Elas suportaram a humilhação, como aqui já foi referido, e andaram em frente. Mas será que são mesmo elas as antiquadas? A personalidade delas é assim tão fraca que não as deixa ter coragem de acabar com tudo? Ou nós agora é que somos demasiado egoístas e orgulhosos para perdoar o erro e seguir em frente?

"mas por outro n posso deixar de sentir compaixão pq podiam estar a ser felizes e n estão. Ou se calhar estão, pq verem os filhos bem chega perfeitamente." Ver os filhos bem chega perfeitamente... e não devia ser assim (pelo menos um bocadinho)? Quando constituímos uma família, quando casamos e temos filhos deixamos de ser a nossa principal prioridade. Não estou a dizer que devamos abdicar do nosso amor próprio, da nossa auto estima e dos nossos ideais. Estou apenas a dizer que a família passa a ser o nosso maior conforto e a nossa fonte de felicidade (ou pelo menos deveria).

Com isto tudo o que eu quero dizer é que acho que o casamento e o que ele acarreta já não é levado tão a sério. Muitas pessoas agora casam-se a pensar que se correr mal se podem divorciar e eu acho isto errado. Estamos cada vez mais na era do facilitismo e as pessoas hoje simplesmente não querem ter trabalho. Mas o casamento é algo que dá trabalho, e muito, e por isso não acho que estas decisões possam ser tomadas de animo leve (e não estou a dizer que o estavas a fazer, porque apesar de estar a tentar combater esse "preconceito" e esse esteriótipo que existe em mim, a verdade é que eu basicamente penso como tu).

Anónimo disse...

eu sempre falava que nao era capaz de perdoar e ainda acho que nao sou só que quando se sente na pele tudo fica tao dificil nao é tao simples como dizer tudo se perdoa menos uma traicao nao tenho filhos mas meu corção doi por mais que ele tebha me machucado sinto sua falta e talvez daria uma nova oportunidade mas ja sabendo que não seria eterno por que ja não confio as vezes penso que seria melhor acar com tudo agora e seguir em frente buscar minha vida meu caminho ser feliz outras penso que estarei eternamente presa a sensação de que poderia ter sido diferente ai vem a familia os amigos que te dizem não perca mas tempo nesta canoa furada é complicado por que tudo que era certo agora é incerto esta luta constante entre a razão e o coração que termina fazendo voce sofrer quando perde e sofrer para decedir se quer ou não terminar no final só quem sofre é voçe ai o que que agente escuta o corção ou a razão por favor respondam me?

Tiago Varanda disse...

De facto Cátia, tenho a certeza que muito frequentemente não é de modo nenhum por falta de coragem ou por fraco carácter que muitas mulheres ou muitos homens perdoam e continuam a relação, pois perdoar não é esquecer, mas sim acreditar que a outra pessoa pode mudar, sem se cansar de esperar. Eu também vejo a família segundo o teu ponto de vista: num casamento deixamos de pensar "eu" e "tu" e passamos a pensar "nós". Não digo isto de ânimo leve, mas por uma experiência pessoal muito profunda que tive, de que não me sinto à vontade para aqui contar em público. Pode ficar, se quiseres, para um dos nossos próximos encontros!
E, já agora, recordo o que o apóstolo Pedro pergunta a Jesus no Evangelho: Perguntou-Lhe se deveríamos perdoar até 7 vezes (7 já são muitas vezes!), ao que Jesus lhe responde não 7 mas 70 vezes 7!!!
Beijinho

Tiago

Cacau disse...

Olá Tiago,

Pois, é mesmo isso que eu acho quanto a esta luta que muitos casais travam no seu dia-a-dia.

Falaremos então melhor sobre isso na próxima saída! Não me vou esquecer!

Bela citação... Mas custa tanto!!