quinta-feira, 9 de julho de 2009

Insensatez ou coerência?

“Acho completamente descabida a ideia de que os padres não se puderem casar. Só se perde com essa ideia, assim ninguém quer ir para padre! É uma profissão como outra qualquer, porque não haveriam de puder casar?”. É vulgar ouvir este tipo de pensamentos. Quando o assunto vem à baila estas ideias são apenas uma amostra das muitas que aparecem. Contudo, eu em parte discordo com isto. Não acho o facto de não puderem casar tão insensato quanto isso. Primeiro ser padre não é uma profissão como qualquer outra, pelo menos na minha opinião. Acho que esta profissão acarreta uma série de responsabilidades de uma forma que as outras não o fazem. O pároco é um representante de Deus, está aqui em nome Dele para guiar uma comunidade. E precisamente por O estar a representar não pode se dar ao luxo de viver uma vida mundana, ele deve tentar ao máximo se assemelhar à perfeição de Deus. Mais importante do que isso (porque casamento não é sinónimo de imperfeição, muito pelo contrário) se os padres fossem casados dificilmente se dedicariam com o mesmo entusiasmo e com a mesma oferta à paróquia, o tempo que para ele lhe dispensa teria de ser menor pois seria partilhado com a família, tal como as preocupações. Alguém que decida assumir estas responsabilidades tem de ser realmente alguém que se empregue e sacrifique totalmente pela sua paróquia, que abdique de si para os outros. Por isso as pessoas que aceitam este desafio têm de ter uma verdadeira vocação para isto, um talento, um dom natural. É verdade que esta ideia nem sempre é tida pelos próprios párocos, e eu tenho um exemplo disso na minha paróquia, mas a verdade é que o facto de os padres poderem casar não resolveria o problema (maus profissionais há em todo lado, temos é de os tentar combater). Aliás, apenas o agravaria. Porque se este emprego já atrai alguns apenas pelo dinheiro se o casamento fosse permitido aumentariam estes casos. Uma pessoa que realmente tenha vocação para padre não se preocupa com esse tipo de questões, quem se preocupa e não segue este caminho por essa razão então é porque não iria ser um bom pároco. Para essas pessoas há uma série de coisas e de postos que podem ocupar numa comunidade, trabalho para fazer é o que não falta! Outro argumento usado é que esta regra não tem sentido porque estamos a contrariar a natureza humana. Porém, sermos crentes e vivermos segundo o estilo de vida de Deus não é precisamente isso? Contrariar os nossos instintos humanos? Afinal nós somos naturalmente egoístas e violentos, mas o cristianismo (e a boa índole da maioria das pessoas) diz-nos que não o devemos ser. E nós lutamos contra eles, e tentamos ser nós a controlar esses instintos… é isso que nos distingue dos outros animais, não é? A capacidade de fazer escolhas e de distinguir o que é bom do que é mau. Por tudo isto acho que acima de tudo esta história do casamento é principalmente uma desculpa para tentar justificar a falta de padres. A verdade é que vivemos num mundo onde cada vez mais a fé é menor e onde o egoísmo cresce a cada dia. Poucos são os que estão disposto a entregar-se desta forma.

4 comentários:

Pintora disse...

Eu concordo com o que dizes... Tem tudo muito sentido...

Mas, por exemplo, os pastores, achoq ue é assim que se chama, que são de uma religiao catolica mas nao sao cristaos... Acho que é dessa religiao que muitos dos americanos sao.. pronto, nao tenho a certeza...

Mas eles podem se casar... e posso estar errada, mas nao tenho a ideia de que eles sejam piores pastores por causa disso...

Eu achava bem os padres poderem casar.. mas claro que se lhe pudessemos por a todos na cabeça a consciencia do que é ser casado e padre ao mesmo tempo...

Assim como concordo que as mulheres celebrem missa e tenham as responsabilidades que um padre tem...

Cacau disse...

Sim... também acho que são pastores (e se não forem eu percebi a ideia =). Eu não acho que seja impossível um padre fazér um bom trabalho mesmo sendo casado, porque não tenho ideia de que os pastores sejam maus (nem que sejam bons porque sinceramente nunca me informei sobre o assunto, por isso não sei se eles têm a mesma função dos nossos padres e se as coisas são guiadas da mesma forma). Mas eu acho que seria muito mais dificil eles fazerem-no sem negligenciar uma das partes. Uma família é algo que dispende muito tempo e dedicação. Tem de se cuidar dos filhos, da mulher. Caso algum deles adoeça é muito complicado... Olha o exemplo do Senhor Padre Mota (acho melhor não falar do actual, tu entendes hehe) ele passava o tempo com as pessoas da paróquia, falava com elas, ia a casa delas... ele vivia em função e para estas pessoas (pelo que me contam que as minhas lembranças dele não são muitas, contudo tenho-o como um bom exemplo de padre). Imagina que ele tinha uma família, ele seria um pai e um marido completamente ausente. E se não o fosse provavelmente todo o bom trabalho que ele desenvolveu tinha sido em menos escala.

Quanto às mulheres também não vejo qual o problema em elas exercerem a função. Acho que isso não passa de uma questão de preconceito. De facto elas podem ser tão competentes como os homens. Acho que ser padre é uma questão de espirito e de vocação (como já referi) e não de sexo.

Obrigada pelo comentário

Dexter disse...

Os que se podem casar são os pastores, que são cristãos protestantes.

Em contraposição, o que "vigora" em Portugal, é cristianismo católico, onde quem prega são os padres.

Eu n sou uma pessoa religiosa, no entanto, compreendo esse ponto de vista de os padres n poderem casar. Tanto mais que quem vai p lá, já sabe de antemão como é que vai ser a vida daí em diante, n é segredo nenhum p ninguém. Tenho um amigo padre, que gosta mesmo do que faz, e n quer mm casar, sente-se realizado. No entanto, gosta de apreciar mulheres (lol), mas, segundo ele, nunca "pulou a cerca"...

São escolhas de vida...

Cacau disse...

Para começar obrigada pelo esclarecimento. E acho que esse teu amigo é a prova daquilo que eu tentei explicar. Um padre que realmente gosta daquilo que faz e que vive a sua profissão ao máximo não sente necessidade de casar. Ele preenche-se com o seu modo de vida. Quanto ao ele apreciar mulheres não acho nada demais. Desde que ele realmente não passe disso.

=)