quarta-feira, 22 de julho de 2009

Até Quando?


Não adianta olhar pró céu com muita fé e pouca luta

Levanta ai que você tem muito protesto pra fazer e muita greve

Você pode e você deve, pode crer


Não adianta olhar pró chão, virar a cara pra não ver

Se liga ai que te botaram numa cruz e só porque Jesus sofreu

Num quer dizer que você tenha que sofrer


Até quando você vai ficar usando rédea

Rindo da própria tragédia?

Até quando você vai ficar usando rédea

Pobre, rico ou classe média?

Até quando você vai levar cascudo mudo?

Muda, muda essa postura

Até quando você vai ficando mudo?

Muda que o medo é um modo de fazer censura


Você tenta ser feliz, não vê que é deprimente

Seu filho sem escola, seu velho ta sem dente

Você tenta ser contente, não vê que é revoltante

Você ta sem emprego e sua filha ta gestante

'Ce se faz de surdo, não vê que é absurdo

Você que é inocente foi preso em flagrante

É tudo flagrante

É tudo flagrante


A policia matou um estudante

Falou que era bandido, chamou de traficante

A justiça prendeu o pé-rapado

Soltou o deputado e absolveu os PM's de Vigario


A policia só existe pra manter você na lei

Lei do silêncio, lei do mais fraco:

Ou aceita ser um saco de pancada ou vai pró saco

A programação existe pra manter você na frente

Na frente da TV, que é pra te entreter

Que pra você não ver que programado é você


Acordo num tenho trabalho, procuro trabalho, quero trabalhar

O cara me pede diploma, num tenho diploma, num pude estudar

E querem q'eu seja educado, q'eu ande arrumado q'eu saiba falar

Aquilo que o mundo me pede não é mundo que me dá


Consigo emprego, começo o emprego, me mato de tanto ralar

Acordo bem cedo, não tenho sossego nem tempo pra raciocinar

Não peço arrego mas na hora que chego só fico no mesmo lugar

Brinquedo que o filho me pede num tenho dinheiro pra dar


Escola, esmola

Favela, cadeia

Sem terra, enterra

Sem renda, se renda. Não, não!


Muda que quando a gente muda o mundo muda com a gente

A gente muda o mundo na mudança da mente

E quando a mente muda a gente anda pra frente

E quando a gente manda ninguém manda na gente


Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura

Na mudança de postura a gente fica mais seguro

Na mudança do presente a gente molda o futuro

Até quando você vai levando porrada, porrada?

Até quando vai ficar sem fazer nada?

Até quando você vai levando porrada, porrada?

Até quando você vai ser saco de pancada?

Gabriel, O Pensador

Realmente acho que a letra da música diz tudo. Até quando é que vamos aceitar isto? Até quando é que nos vamos sentar e esperar que algo aconteça? Até quando é que vamos adiar a nossa mudança de atitude? Temos de mudar, só mudando é que poderemos atingir novas metas e criar novos objectivos. O poder é nosso, o dever é nosso e nós podemos. A letra diz muito e a música é muito gira. Aconselho vivamente a ouvirem Gabriel. As letras dele são uma autêntica escola.


*Sei que já aqui abordei mais ou menos este tema. Porém, acho que a música é mesmo muito gira e o tema mesmo muito importante. =) A minha net é preguiçosa e não estou a conseguir abrir o youtube. Mas, procurem lá a música e o clip... Vão gostar!!!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Juventude Hospitaleira



Entre os dias 23 e 31 de Julho não escreverei no meu blog nem comentarei o de outros. Por mais estranho que pareça não digo isto com um pingo de pena. E porquê? Porque vou estar na Casa de Saúde de Barcelos (onde ficam as pessoas com problemas mentais) a fazer voluntariado. Vou para lá através da Juventude Hospitaleira, uma associação de voluntariado a que aderi há alguns meses. Eu e outros jovens vamos ajudar nas várias tarefas que há a fazer: auxiliar na alimentação, levá-los a rezar, fazer companhia, ajudar a sorrir… Apesar de ansiar isto há muito tempo não posso deixar de estar nervosa. Acho que vai ser uma experiência espectacular, porém, a verdade é que não sei o que me espera e tenho medo de me sair mal.

Quero-vos falar um pouco mais desta instituição – a Juventude Hospitaleira. A Juventude Hospitaleira (JH), Movimento Juvenil inspirado e animado pelos Irmãos de S. João de Deus e pelas Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, em cada ano realiza um vasto leque de acções destinadas aos jovens. O verão é sem dúvida o tempo mais fértil para estas acções e os Centros Hospitaleiros o “palco” mais propício para a experiência da Solidariedade e da HOSPITALIDADE. Assim sendo, a essência do movimento é a hospitalidade. Além da vivência de grupo, desafiam os jovens a desenvolverem compromissos pessoais com cariz hospitaleiro.

Sinto-me muito feliz por ter a sorte de fazer parte de algo como isto e acho este tipo de iniciativas muito importantes. Deixo aqui dois sites para que possam obter mais informações e também se sentirem entusiasmados a fazer algo.


quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mamã e Papá *.*


Sempre levei a maternidade muito a sério, sempre pensei muito nela. Acho que como cada um de nós o faz… ou pensa que o faz. Porque, pelo menos quanto a mim, só este ano é que me apercebi verdadeiramente de tudo o que devemos ter em conta quando tomamos a corajosa decisão de ter um filho. Há, então, uma série de questões a ponderar. Contudo apenas aqui abordarei as que considero mais relevantes.
A primeira delas é o aborto. Não aquele aborto que é feito irresponsavelmente simplesmente porque não se tomou precauções (arriscar dá mais adrenalina e fazer abortos deve ficar mais barato que usar preservativos), mas sim o aborto de crianças com deficiência. Eu sou determinantemente contra o primeiro género de aborto que falei, e cada vez mais me apresento contra o segundo caso de aborto (apesar de compreender, de certa forma, as mulheres que o fazem). E porquê? Precisamente por aquela questão de ponderação. Quando nós decidimos que queremos ter um filho temos de assumir e de considerar todas as possibilidades. Apesar de nunca estarmos à espera disso, a verdade é que há a possibilidade de tal acontecer e nós, por mais que não queiramos, temos de pensar nela e ver até que ponto estamos preparados para receber uma criança assim, temos de ver até que ponto é que vamos aceitar isso. Pois, se não aceitarmos e caso engravidemos de uma criança portadora de deficiência e decidirmos abortar não estamos a comportar-nos como o Hitler? Afinal ele queria criar a raça perfeita e escolhia a pessoas que poderiam viver, as pessoas que possuíam os caracteres por ele definidos viviam… o resto era lixo. Nós ao abortarmos pessoas com deficiência estamos a fazer o mesmo, estamos a decidir quem vive e quem morre. Se a criança preencher os nossos pré-requisitos e se mexer bem, se tiver o cérebro a funcionar a 100% é bem-vinda, senão… é lixo e manda-se tirar. Sei que isto pode parecer radical mas é a verdade (verdade que não queremos assumir e que tentamos desculpar com uma série de argumentos que nem nós mesmos, por vezes, acreditamos).
Outra coisa que me intriga (mas que não é, infelizmente, controlada por nós), são os tratamentos de fertilidade. Acho que deve ser uma sensação terrível a de querer ter um filho e não conseguir. Há casos que se conseguem resolver e outros que por mais tratamentos que se façam continuam sem resolução. Eu acho que às vezes as coisas não acontecem por acaso e temos de ter cuidado com o que fazemos. Se eu tivesse no lugar dessas mulheres acho que tentaria fazer um tratamento de fertilidade, mas apensas um e não dez como tenho ouvido certas mulheres a dizer que fazem. Se por vezes podemos não conseguir ter filhos por alguma razão é. Conheço um caso de uma mulher que não conseguia e que à sétima tentativa teve um filho, mas o bebé nasceu com muitos problemas. As coisas têm o seu sentido de ser e a Natureza sabe o que faz (claro que também há casos que resultam… a minha tia teve três abortos espontâneos, só à quarta gravidez é que teve um bebé e perfeitamente saudável), temos que nos aceitar de tal forma. Além disso há muitas crianças em casas de adopção a precisarem de pais.
Por último (e tentarei ser breve) é a questão do tempo. Temos de avaliar se temos tempo para ser pais. Quando eles chegarem não são eles que se têm de adaptar ao nosso horário, nós é que nos temos de adaptar ao deles… é preciso cuidado. Um filho requer muita atenção da nossa parte… desde que nascem até que morrem.
Por tudo isto acho que a decisão requer um bom pedaço de tempo de reflexão. E quando a resposta é um sim, um sim pleno e global, um sim que aceita tudo e que enfrenta todos a recompensa é bem grande. As crianças são de facto o melhor do Mundo. =)

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Insensatez ou coerência?

“Acho completamente descabida a ideia de que os padres não se puderem casar. Só se perde com essa ideia, assim ninguém quer ir para padre! É uma profissão como outra qualquer, porque não haveriam de puder casar?”. É vulgar ouvir este tipo de pensamentos. Quando o assunto vem à baila estas ideias são apenas uma amostra das muitas que aparecem. Contudo, eu em parte discordo com isto. Não acho o facto de não puderem casar tão insensato quanto isso. Primeiro ser padre não é uma profissão como qualquer outra, pelo menos na minha opinião. Acho que esta profissão acarreta uma série de responsabilidades de uma forma que as outras não o fazem. O pároco é um representante de Deus, está aqui em nome Dele para guiar uma comunidade. E precisamente por O estar a representar não pode se dar ao luxo de viver uma vida mundana, ele deve tentar ao máximo se assemelhar à perfeição de Deus. Mais importante do que isso (porque casamento não é sinónimo de imperfeição, muito pelo contrário) se os padres fossem casados dificilmente se dedicariam com o mesmo entusiasmo e com a mesma oferta à paróquia, o tempo que para ele lhe dispensa teria de ser menor pois seria partilhado com a família, tal como as preocupações. Alguém que decida assumir estas responsabilidades tem de ser realmente alguém que se empregue e sacrifique totalmente pela sua paróquia, que abdique de si para os outros. Por isso as pessoas que aceitam este desafio têm de ter uma verdadeira vocação para isto, um talento, um dom natural. É verdade que esta ideia nem sempre é tida pelos próprios párocos, e eu tenho um exemplo disso na minha paróquia, mas a verdade é que o facto de os padres poderem casar não resolveria o problema (maus profissionais há em todo lado, temos é de os tentar combater). Aliás, apenas o agravaria. Porque se este emprego já atrai alguns apenas pelo dinheiro se o casamento fosse permitido aumentariam estes casos. Uma pessoa que realmente tenha vocação para padre não se preocupa com esse tipo de questões, quem se preocupa e não segue este caminho por essa razão então é porque não iria ser um bom pároco. Para essas pessoas há uma série de coisas e de postos que podem ocupar numa comunidade, trabalho para fazer é o que não falta! Outro argumento usado é que esta regra não tem sentido porque estamos a contrariar a natureza humana. Porém, sermos crentes e vivermos segundo o estilo de vida de Deus não é precisamente isso? Contrariar os nossos instintos humanos? Afinal nós somos naturalmente egoístas e violentos, mas o cristianismo (e a boa índole da maioria das pessoas) diz-nos que não o devemos ser. E nós lutamos contra eles, e tentamos ser nós a controlar esses instintos… é isso que nos distingue dos outros animais, não é? A capacidade de fazer escolhas e de distinguir o que é bom do que é mau. Por tudo isto acho que acima de tudo esta história do casamento é principalmente uma desculpa para tentar justificar a falta de padres. A verdade é que vivemos num mundo onde cada vez mais a fé é menor e onde o egoísmo cresce a cada dia. Poucos são os que estão disposto a entregar-se desta forma.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Desafio Musical

A Silvana de Truz Truz Truz desafiou-me musicalmente:

1. Publicar uma foto pessoal:


2. Escolher uma banda ou um(a) artista – My Chemical Romance

3. Responder às perguntas apenas com títulos de músicas da banda ou artista escolhida(o):


És homem ou mulher? Helena

Descreve-te: It's Not A Fashion Statement It's A Deathwish


O que os outros acham de ti? The Jetset Life Is Gonna Kill You


Como descreves o teu último relacionamento? Thank You For The Venom


Como descreves o estado actual da tua relação? I Never Told You What I Do For A Living


Onde querias estar agora? Welcome to the black parade


O que pensas a respeito do amor? To The end


Como é a tua vida? House of wolves


O que pedias se só tivesses um desejo? Skylines and Turnstiles

Escreve uma frase sabia: Honey, This Mirror Isn't Big Enough For The Both Of Us

domingo, 5 de julho de 2009

Super herói precisa-se


Portugal está a passar por uma fase menos boa. Fase essa que já dura há alguns anos, mas que se tem vindo a agravar ultimamente. Eu gosto muito do meu país, adoro a minha pátria. Acho que temos feito coisas boas, que temos atingido bons resultados em algumas áreas e que temos motivos para ter orgulho do nosso povo e da nossa terra. Só que essas coisas andam bem escondidas, têm medo de se mostrar, não devem querer ofender ninguém. Andam escondidas ou alguém as esconde, não sei e não é isso que agora aqui quero discutir. Mas há muito trabalho para ser feito, muito para evoluir e apesar de me orgulhar de Portugal tenho a perfeita noção disso. Já até abordei alguns dos temas neste blog. Contudo, estamos e precisar de mudanças a sério, temos problemas graves e urgentes a necessitar de resolução: desde saúde a educação, passando pelo poder de compra ao desemprego, desde o próprio civismo das pessoas aos imigrantes há um bocadinho (bocadão – se é que existe - melhor dizendo) de tudo para ser feito. Trocamos de governo como quem troca de meias, tenta-se implementar umas coisas aqui e uns sistemas ali, fala-se em investimentos e reformas (reparem no verbo que eu usei, fala-se) e o nosso querido país, apesar de tudo, continua sem conseguir avançar e sair disto. As mudanças de governo, como já referi, não estou a resultar. Por isso acho que precisamos de um super herói. Se pudesses inventar ou escolher um super herói para salvar Portugal qual seria (esta ideia foi retirada de um programa semanal da RTP2 – “5 para a meia noite”)? Ora bem, eu estive a pensar e eu escolheria o “Super Anti-Cagaço”. É verdade eu acho que Portugal precisa de alguém que erradique o medo de uma vez por todas. O medo de arriscar, o medo da mudança, o medo da critica, o medo de sorrir, o medo da diferença, o medo do “escuro”, o medo das paixões. Porque só desta forma é que conseguiremos ser ousados e inovadores o suficiente, porque só desta forma é que conseguiremos agir e mudar algo… quando perdermos o medo. Quando formos capazes de nos apaixonarmos verdadeiramente por este país, de nos apaixonarmos por projectos que o possam realmente carregar para frente e os levarmos até ao fim. Temos de perder o medo!! Mas o que me dizem vocês, que super herói precisamos?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

“Portugueses não têm confiança nas instituições políticas”

“Estudo revela que portugueses não têm confiança nas instituições políticas.”

Esta foi uma das maravilhosas notícias que passou hoje no telejornal. Entre cornos na Assembleia da República a eleições duvidosas no Benfica apareceu esta pequena relíquia. Então os Srs. Portugueses não estão confiantes? E eles lá têm moralidade ou discernimento para acharem alguma coisa? Acho que um povo que chega a uns absurdos 60% de abstinência em eleições perde a credibilidade. Votar é um direito e acima de tudo um dever, é uma forma de expressarmos a liberdade que muito nos custou a conquistar. Isto também não passa de mais um contrato (mais um), que nós, como cidadãos, estabelecemos connosco, com a sociedade em que estamos inseridos e com o estado. Como todos os contratos existem cláusulas a serem cumpridas, como em todos os contratos beneficiamos de umas coisas em troca de outras, temos direitos e deveres. Ora, se não consumamos um nos nossos deveres, que é o voto, acho que não nos podemos dar ao luxo de criticar e de nos acharmos no direito de atacar o estado ou algo que possa, eventualmente, estar a seguir de forma incorrecta nesse contrato. Eu sei que os políticos não têm dado o melhor exemplo, sei que muitas vezes, depois de tudo a que assistimos é desmotivante ir votar, porém, não é motivo suficiente para que o façamos. Dizem que também é uma forma de mostrar o descontentamento. Pois eu digo-vos que isso é mentira. Votar em branco é mostrar descontentamento, não votar é simplesmente não existir e não ter opinião na matéria. Os políticos são todos iguais e nenhum deles presta? Eu não acredito nisso, mas quem acredita pense numa coisa: a nossa personalidade é moldada pela sociedade onde estamos inseridos. E quem é a sociedade? Somos NÓS. Logo, se os governantes deste país são maus profissionais nós temos a nossa cota parte de culpa nisso. Se queremos que daqui para a frente isso mude então também nós temos de mudar: porque nós faremos os próximos governantes, porque nós seremos os próximos governantes.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A normalidade da diferença


Apesar de ser ainda hoje um problema grave, a verdade é que cada vez mais se investe na melhoria da qualidade de vida de pessoas com deficiências. Há cada vez mais uma preocupação e um cuidado em tentar diminuir os obstáculos que estes encontram no dia-a-dia e em responder às necessidades especiais impostas por eles. Isto acontece desde que eles são bem pequeninos. Desde cedo são estimulados a vários níveis (dependendo da deficiência que apresentam), existindo até escolas especializadas neste tipo de crianças. Escolas exclusivamente preparadas para os receber e com profissionais designados para aquele trabalho. Agora levantam-se aqui dois problemas. O primeiro é que a recuperação física destas pessoas ainda é vista como a maior das prioridades dando-se uma importância excessiva a esta. Eu acho que a recuperação física é relevante, mas não que deva ser A prioridade. Penso que um bom desempenho e desenvolvimento intelectual é bem mais indispensável. Só este é o caminho para que uma pessoa com necessidades especiais tenha uma vida dita “normal”. Um bom desenvolvimento intelectual habilita estas pessoas a desenrascarem-se a todos os níveis da sua vida e a lidarem mais facilmente com os problemas causados pelas suas limitações. Além disso, uma limitação intelectual é bem mais complicada do que uma física. O segundo problema é as escolas especializadas. Até que ponto é positivo para uma criança com necessidades especiais frequentar este tipo de instituições? A evolução será, provavelmente, maior e o acompanhamento bastante melhor, contudo, não estamos a fomentar algum género de distinção? Afinal estamos a pôr estas crianças de parte e a evitar o contacto destas com outras crianças ditas “normais”. Estamos a fazer um género de triagem e a separar pessoas da mesma forma que separamos o lixo para a reciclagem. Até que ponto é que é saudável não existir convívio entre os dissemelhantes tipos de crianças? A falta de contacto com a diferença não é positiva e cria ignorância quanto ao assunto o que leva à discriminação. Não deveríamos estar a educar para a aceitação da diferença como algo normal?

quarta-feira, 1 de julho de 2009

O tamanho do perdão


Hoje as relações são vividas de forma bastante diferente e as responsabilidades do casamento assumidas de outra forma. O divórcio deixou de ser uma vergonha e passamos a ter mais liberdade e mais direitos. De facto, apesar de muitos dizerem que já não era sem tempo, a verdade é que tudo isto se passou a uma velocidade vertiginosa, sem haver sequer tempo de respirar e pensar seriamente nas consequências disso e sem ponderarmos os prós e os contra. Eu acho que a evolução foi positiva. O facto de uma mulher, no passado, que sofria violência doméstica não se poder divorciar porque seria rejeitada pela sociedade é algo absurdo. Contudo, tudo tem desvantagens, e o facto é que este facilitismo leva a que muitos casais nem tentem repensar na relação e partem logo para o divórcio sem sequer se darem ao trabalho de tentar.
O que me levou a escrever sobre este tema foi a história de duas mulheres que me são bastantes próximas. Duas histórias antigas vividas à moda antiga. Estas duas mulheres souberam da traição do marido. Choraram, sofreram, desesperaram e, por fim, perdoaram. Perdoaram e seguiram em frente. Actualmente, continuam casadas e possuem famílias bastante felizes e unidas. A verdade, é que apesar destas histórias terem acabado bem as coisas nem sempre terminam assim. Provavelmente, no lugar destas mulheres eu acabaria com tudo e não aceitaria uma situação destas. Quem estará mais correcto? Porque apesar de tudo quando nos casamos assumimos um compromisso e prometemos amar, respeitar e apoiar apesar de todas as tempestades e vendavais. Prometemos perdoar! O problema é: até que ponto devemos perdoar? Este perdão tem limites ou é incondicional? Quando sabemos se o devemos ou não fazer? Devemos engolir a humilhação em nome de um futuro melhor, em nome da família?