quinta-feira, 16 de julho de 2009

Mamã e Papá *.*


Sempre levei a maternidade muito a sério, sempre pensei muito nela. Acho que como cada um de nós o faz… ou pensa que o faz. Porque, pelo menos quanto a mim, só este ano é que me apercebi verdadeiramente de tudo o que devemos ter em conta quando tomamos a corajosa decisão de ter um filho. Há, então, uma série de questões a ponderar. Contudo apenas aqui abordarei as que considero mais relevantes.
A primeira delas é o aborto. Não aquele aborto que é feito irresponsavelmente simplesmente porque não se tomou precauções (arriscar dá mais adrenalina e fazer abortos deve ficar mais barato que usar preservativos), mas sim o aborto de crianças com deficiência. Eu sou determinantemente contra o primeiro género de aborto que falei, e cada vez mais me apresento contra o segundo caso de aborto (apesar de compreender, de certa forma, as mulheres que o fazem). E porquê? Precisamente por aquela questão de ponderação. Quando nós decidimos que queremos ter um filho temos de assumir e de considerar todas as possibilidades. Apesar de nunca estarmos à espera disso, a verdade é que há a possibilidade de tal acontecer e nós, por mais que não queiramos, temos de pensar nela e ver até que ponto estamos preparados para receber uma criança assim, temos de ver até que ponto é que vamos aceitar isso. Pois, se não aceitarmos e caso engravidemos de uma criança portadora de deficiência e decidirmos abortar não estamos a comportar-nos como o Hitler? Afinal ele queria criar a raça perfeita e escolhia a pessoas que poderiam viver, as pessoas que possuíam os caracteres por ele definidos viviam… o resto era lixo. Nós ao abortarmos pessoas com deficiência estamos a fazer o mesmo, estamos a decidir quem vive e quem morre. Se a criança preencher os nossos pré-requisitos e se mexer bem, se tiver o cérebro a funcionar a 100% é bem-vinda, senão… é lixo e manda-se tirar. Sei que isto pode parecer radical mas é a verdade (verdade que não queremos assumir e que tentamos desculpar com uma série de argumentos que nem nós mesmos, por vezes, acreditamos).
Outra coisa que me intriga (mas que não é, infelizmente, controlada por nós), são os tratamentos de fertilidade. Acho que deve ser uma sensação terrível a de querer ter um filho e não conseguir. Há casos que se conseguem resolver e outros que por mais tratamentos que se façam continuam sem resolução. Eu acho que às vezes as coisas não acontecem por acaso e temos de ter cuidado com o que fazemos. Se eu tivesse no lugar dessas mulheres acho que tentaria fazer um tratamento de fertilidade, mas apensas um e não dez como tenho ouvido certas mulheres a dizer que fazem. Se por vezes podemos não conseguir ter filhos por alguma razão é. Conheço um caso de uma mulher que não conseguia e que à sétima tentativa teve um filho, mas o bebé nasceu com muitos problemas. As coisas têm o seu sentido de ser e a Natureza sabe o que faz (claro que também há casos que resultam… a minha tia teve três abortos espontâneos, só à quarta gravidez é que teve um bebé e perfeitamente saudável), temos que nos aceitar de tal forma. Além disso há muitas crianças em casas de adopção a precisarem de pais.
Por último (e tentarei ser breve) é a questão do tempo. Temos de avaliar se temos tempo para ser pais. Quando eles chegarem não são eles que se têm de adaptar ao nosso horário, nós é que nos temos de adaptar ao deles… é preciso cuidado. Um filho requer muita atenção da nossa parte… desde que nascem até que morrem.
Por tudo isto acho que a decisão requer um bom pedaço de tempo de reflexão. E quando a resposta é um sim, um sim pleno e global, um sim que aceita tudo e que enfrenta todos a recompensa é bem grande. As crianças são de facto o melhor do Mundo. =)

8 comentários:

Pintora disse...

Eu tambem não sou a favor do aborto... Muitissimo menos quando é por irresponsabilidades, obvio. é ridiculo! agr, não se pode condenar uma pessoa que ficou gravida sem querer.. ha acidentes, as vezes as precauçoes nao resultam... é daqueles azares que deus-me-livre!

No que respeita aos abortos de crianças deficientes... nunca fui radical no que toca a esse assunto... deve ser uma vertigem total receber essa noticia! e concordo quando dizes que nao somos nos que temos que decidir quem vive ou quem morre... é muito verdade! mas quando se sabe que a criança não vai fazer absolutamente nada, nao vai ver, nao vai ouvir, nao vai andar, nao vai sequer pensar... é um assunto para reflectir, nao faço ideia do que faria! :S

e ha o habitual... nos casos de violação... uma mulher ter um filho fruto de uma coisa tao abominavel... é de se ter tanta coragem e tanto amor, que acho que grande parte das mulheres nao tem...

no que respeita a adopção... é muito bonito falar assim.. é! e concordo que as pessoas perderem tanto tempo com tratamentos ao inves de o dedicarem a um filho mesmo que nao seja biologico não é o melhor... mas tu tens noção que o tempo medio de adopção de uma criança é 5 anos? bom, era da ultima vez que me informei... é que se eu quiser ter um filho ao 27 anos, tenho que meter os papeis aos 22! --' nao estou de forma nenhuma a dizer que nao se deve adoptar... so que, convenhamos, nao facilitam nada a vida a quem o quer fazer!

Cacau disse...

Eu não acredito em pessoas que ficam grávidas sem querer... desculpa se estou a ferir alguém, mas depois de todos os contraceptivos que existem hoje em dia ninguém fica grávida sem querer. Existem os preservativos de homem e mulher, existem as pílulas... e, em último recurso, a pílula do dia seguinte (em último recurso... que a pílula do dia seguinte ao contrário do que muitos pensam não é um contraceptivo... usa-se em último recurso... que aquilo tem muitas contra-indicações)..

Quanto aos casos de bebés com deficiência acho é dificil dizer o que faria porque falar da boca para fora é facil. Mesmo assim arrisco a dizer que se eu e o meu companheiro decidi-se-mos ter um bebé e essa fatalidade acontesse-se provavelmente não abortaria... Primeiro porque já teria posto essa possibilidade com ele antes da decisão e se assumimos é para assumir. Depois, e mais importante, aquele bebé pode ser uma vida diferente... mas mesmo assim continua a ser uma vida!!! Mas lá está, isto é o que eu digo agora.

Quanto aos casos de pedofilia, esses é que não sei mesmo o que faria. Uma vida é uma vida, e a criança não tem culpa... e a mãe também não. Olhar pra um filho e de cada vez que o fazemos lembrar-nos do que aconteceu deve ser muito complicado... muito mesmo.

Quanto à adopção é certo que a legislação portuguesa tenha muito que mudar. Mas mesmo assim temos de o fazer... Imagina-te no lugar daqueles crianças... Saberes que não és adptado porque demora muito tempo. A legislação tem de mudar e a nossa mentalidade também. A adopção é algo muito importante que eu, mais tarde, se puder farei! E o valor de uma criança não se mede em tempo!! Porque se fosse por isso ninguém tinha filhos. E os tratamentes são tão desgantantes para a própria mulher... E há mulheres que passam cinco anos ou mais a fazer tratamentos!! Já tinham tempo para adoptar um bebé. É, sem dúvida, uma questão muito complicada. =/

Dexter disse...

Acho que esta é uma das questões mais complicadas que por aí andam...em todos os aspectos.

Decidir ter um filho é uma das decisões mais importantes da vida de uma pessoa. Como convivo com pessoas mais velhas no trabalho, que têm filhos, dizem-me que a partir do momento em que se é pai (caso masculino, obviamente) a vida tal como a conhecemos até à altura muda completamente.

Quanto ao aborto...esta então nunca se chegará a consenso. Vou-te ser sincero: votei SIM, mas tendo mtas reservas. Qto ao facto do filho deficiente, n vou ser hipócrita e dizer que nunca pensaria em que a minha mulher abortasse, mas n seria uma decisão nada fácil de tomar...mesmo nada.

Maria disse...

Sem dúvida que decidir ter um filho tem que ser uma ideia bem ponderada. Não é só tê-los que custa.
O pior, é que hoje em dia, cada vez menos se pensa assim.

beijinho.

Cacau disse...

Dexter: Sim, também me dizem que muda. Mas acredito que seja uma mudança boa e que faz parte da vida (da maioria das pessoas, porque há algumas que se não sentem a necessidade de ter filhos, o que também é natural). Quanto ao aborto mais do que ser contra ou ser a favor acho que Portugal não estava preparado para isso. Por mais que achemos que não a verdade é que agora o aborto é visto como um contraceptivo para muitos. É legal e é fácil de se fazer. Muitas pessoas agora fazem sexo sem se prevenir pensando que se algo correr mal podem abortar. É cruel e eu própria não acreditava (porque já fui a favor do aborto, precisamente na altura do referendo. Se eu votasse teria votado sim. Porém, hoje penso de forma completamente diferente). Mas de facto é uma questão complicada.

Maria: Pois. Hoje em dia não se pensa no total das responsabilidades que um filho acarreta. Decide-se ter um filho porque é giro e tal e eu gosto muito de roupinha de bebé. Espero que isto algum dia mude. Beijinho e obrigada pelo comentário.

bairro disse...

Olá Boa tarde.

reparei do seu blogue e gostei do perfil, convido a visitar o blogue do Bairro da Boavista em Lisboa, e deixe o teu comentário.

O link é este: Http://bairrodaboavista-lisboa.blogspot.com

Joaquim Pinto

Cacau disse...

Olá,

Espero que goste não só do perfil mas também do blog. Convite aceite, lá irei.

Tiago Varanda disse...

Olá Cátia,
Gosto da tua radicalidade ao afirmares a importância de se aceitar um filho, tenha ele deficiência ou não e seja ela qual for, e ao te referires também
à belíssima escolha que se pode ter pela adopção de um filho! Digo-te uma coisa minha querida amiga, do fundo do coração e segundo a minha inteligência
e até segundo o que tenho constatado na minha ainda pouca experiência de vida: hoje em dia, se queremos viver na Verdade, temos mesmo de ser radicais.
É que o que a maioria da sociedade pensa nem sempre corresponde à Verdade! Não tenhas medo de ser radical, pois, embora os argumentos contra a tua opinião
aqui expressa tenham a sua validade e lógica, isso não significa que sejam verdadeiros. Nem tudo o que é válido é verdadeiro! Acredito bem que assumir
um filho com deficiência, seja ela qual for, e adoptar filhos nos ajude a crescer!!! Nós também não pudemos escolher os nossos pais. E se algum deles tem
deficiência? Vamos regeitá-lo? Porquê? Porque é uma deficiência profunda? Porque é tão grave que não ouve, nem vê, nem caminha, nem fala? Se não fazemos
isto aos nossos pais, que não escolhemos, porque haveríamos de o fazer aos nossos filhos, independentemente da escolha ou não? Se não fazemos isto a quem não escolhemos ter, porque o havemos de fazer a quem até por ventura é fruto da nossa escolha?
Beijinhos

Tiago