sábado, 30 de maio de 2009

Declarações oficiais do Papa em África


Esta é a entrevista que deu origem à polémica do preservativo:

Pergunta: Santidade, entre os muitos males que atormentam África, existe também e sobretudo o da difusão da SIDA. A posição da Igreja católica sobre o modo de lutar contra ela é com frequência considerada irrealista e ineficaz. Vossa Santidade enfrentará este tema durante a viagem?

Resposta:
Eu diria o contrário: penso que a realidade mais eficiente, mais presente em primeira linha na luta contra a SIDA é precisamente a Igreja Católica, com os seus movimentos, com as suas diversas realidades. Penso na Comunidade de Santo Egídio que faz tanto, de modo visível e invisível também, na luta contra a SIDA, nos Camilianos, em muitas outras realidades, em todas as Irmãs que estão à disposição dos doentes…Diria que não se pode superar este problema da SIDA só com dinheiro, mesmo se necessário; mas, se não há a alma, se os africanos não ajudam (assumindo a responsabilidade pessoal), não se pode superá-lo com a distribuição de preservativos: ao contrário, aumentam o problema. A solução pode vir apenas da conjugação de dois factores: o primeiro, uma humanização da sexualidade, isto é, uma renovação espiritual e humana que inclua um novo modo de comportar-se um com o outro; o segundo, uma verdadeira amizade também e sobretudo pelas pessoas que sofrem, a disponibilidade à custa até de sacrifícios, de renúncias pessoais, para estar ao lado dos doentes. E estes são os factores que ajudam e proporcionam progressos visíveis. Diria, pois, que esta nossa dupla força de renovar o homem interiormente, de dar força espiritual e humana para um comportamento justo em relação ao próprio corpo e ao do outro, e esta capacidade de sofrer com os doentes, de permanecer presente nas situações de prova. Parece-me que esta é a resposta justa, e a Igreja faz isto e deste modo presta uma grandíssima e importante contribuição. Agradecemos a todos aqueles que o fazem.


Quando tomei conhecimento de todo o discurso do Papa em relação a este assunto fiquei bastante perplexa. Achei que de facto este tema devia ser discutido abertamente e esclarecido. Levei o tema ao meu grupo de jovens onde foi esplendidamente debatido e decidi que também aqui ele merecia destaque. E tudo isto porquê? Porque quando ouvimos falar destas declarações a mensagem que nos é passada é: “O Papa proíbe e condena o uso de preservativo”. Eu, que sou uma das muitas pessoas que não é apologista deste novo Papa, ficava indignada sempre que se tocava neste assunto. Fazia-me imensa confusão como é que uma pessoa no seu perfeito juízo pode condenar o uso do preservativo como meio de combater a Sida. Depois de ler todo o discurso e perceber o contexto das declarações sou obrigada (e com muito gosto, pois como crente católica era para mim uma vergonha admitir que o Papa tinha proferido tais coisas) a concordar plenamente com o Papa. De facto, os preservativos não vão resolver o problema da Sida em África. Há um grande problema cultural e educacional que deve ser primeiramente resolvido. Não basta chegar lá, dar-lhes dinheiro e preservativos e achar que a dificuldade está passada. Comparemos: vivemos numa sociedade bastante desenvolvida quando confrontada com a africana. Contudo, ainda hoje temos graves problemas com o uso, ou melhor, a falta do uso do preservativo. Apesar de toda a informação há pessoas que ainda não entende a sua importância (afinal o número de jovens grávidas continua perturbante). Se aqui temos os problemas que temos como é possível achar que numa sociedade e num meio como o africano as coisas vão ser diferentes? Se tentarmos resolver o problema desta forma as coisas só vão piorar, como disse Bento XVI no seu discurso. Tem de haver uma humanização das relações, tem de haver uma “desbanalização” do sexo, tem de haver um cuidado, preocupação e respeito com o outro, porque só desta forma é que o uso do preservativo pode ser entendido. E esta chamada de atenção do Papa não é principalmente dirigida ao povo Africano, mas sim a nós. Com isto Bento XVI quer que púnhamos as mãos na consciência e pensemos se andar por aí a distribuir preservativos é a solução ou não. Porque independentemente da nossa crença ou não, independentemente de concordarmos ou não com esta nosso resolução do problema; independentemente da possível mensagem política que possa estar por detrás destas declarações estas tratam sobretudo da realidade, de factos: apesar de todos os esforços das várias organizações ao longo dos anos de trabalho em África, apesar de todos os preservativos distribuídos o problema não suavizou. Por isso mesmo acho que realmente estas declarações são de todo pertinentes e devem ser excessivamente discutidas.

1 comentário:

Pintora disse...

muito bem cátia maria...

nos fazemos te muito bem, nao fazemos???

;)

é mesmo uma pena que os media so passem as frases que darão mais polemica, ao inves de informarem no verdadeiro sentido da palavra.

isto leva me a pensar que ng pode emitir uma opiniao baseando se nas "sinteses" jornalisticas... se queremos falar sobre alguma coisa e saber o q estamos a dizer, temos, sem duvida, de ir directamehnte a fonte... pq realmente qd o papa esteve em afgrica o ue eu ouvi pela tv foi q ele dizia as pessoas para nao usarem preservativo e que a melhor forma de travar a sida era atraves da abstinencia.. ora, qq pessoa bem formada, como penso que o papa é, sabe bem que isto é uma tremenda barbaridade...

beijinho